Um tomate com o roxo das flores

Tomate transgênico criado por cientista deve sua cor a genes da flor boca-de-leão, cujo pigmento é um antioxidante que ajuda na prevenção do câncer

Peter Moon

Imagine só quantas são as possibilidades culinárias. Tomates roxos fritos? Um suco de tomate roxo para um novo drinque exótico de verão? Uma berinjela ao forno, na qual a cor do molho de tomate se confunde com a cor da berinjela? Ou, ainda, alguma surpreendente criação gastronômica como "espuma roxa de tomate", bolada um chefe da festejada cozinha molecular? Tomates roxos já existem (ao lado), e fazem bem à saúde, o que foi comprovado em um estudo com camundongos. 
As cobaias com câncer que foram alimentadas com uma dieta rica em tomates transgênicos roxos tiveram uma expectativa de vida maior do que aquelas que não receberam o alimento. Os tomates transgênicos foram desenvolvidos pela geneticista inglesa Cathie Martin, do Centro John Innes Centre, em Norwich, no Reino Unido, anunciado em outubro de 2008 pela revista britânica Nature Biotechnology

A cor arroxeada dos tomates transgênicos foi obtida graças à adição, em seu código genético, de dois genes extraídos da boca-de-leão (Antirrhinum majus). Suas flores, roxas, devem essa coloração a um pigmento chamado antocianina. As antocianinas são encontradas em altas concentrações em frutas silvestres como a framboesa e a amora. Sabe-se que as antocianinas têm propriedades antioxidantes e que oferecem proteção contra certos tipos de câncer, doenças cardiovasculares e doenças degenerativas relacionadas ao envelhecimento. Há também evidência de que essas substâncias têm propriedades antiinflamatórias, promovem acuidade visual e previnem a obesidade e o diabetes.



“A maioria das pessoas não come cinco porções de frutas e vegetais por dia”, diz Cathie Martin. “Mas elas poderiam se beneficiar se passassem a consumir frutas e verduras, como o tomate roxo, desenvolvidas para ter maiores concentrações de antioxidantes”. 

Segundo a geneticista, esse é um dos primeiros exemplos de como a engenharia genética poderá auxiliar na prevenção de doenças crônicas. “O próximo passo será coletar dados pré-clínicos, visando a realizar estudos com voluntários humanos.”
 
Originalmente publicado em Época Online, em 26/10/2008

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