Marin Alsop - "Vou tornar a Osesp a melhor orquestra do mundo"

A nova dona da Osesp

Peter Moon


Em dezembro de 2008, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) foi escolhida pela revista inglesa Gramophone uma das 30 melhores orquestras do mundo. Em 2012, a Osesp terá no comando a melhor regente mulher da  tualidade, a americana Marin Alsop, de 54 anos. Alsop dirige a Orquestra Sinfônica de Baltimore, uma das principais dos Estados Unidos. A escolha de Alsop para diretora musical foi anunciada em 12 de fevereiro pelo diretor da Fundação Osesp, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A opção por Alsop se dá dois anos após a demissão do maestro John Neschling, em 2008. Desde então, a direção é preenchida temporariamente pelo francês Yan Pascal Tortelier. Tortelier rege nove programas por ano (27 concertos). Os outros 150 ficam a cargo de maestros convidados.

Alsop conheceu a Osesp em setembro de 2010, quando veio reger a Sétima Sinfonia de Gustav Mahler. Quem presenciou o concerto garante que foi impressionante. Alsop obteve empatia imediata dos músicos e deles extraiu música do mais alto nível, numa das peças mais difíceis do repertório. A direção da Osesp enxergou em Alsop a pessoa para assumir a batuta em definitivo. 

Alsop nasceu em Nova York, filha de músicos. O primeiro concerto que assistiu, aos 9 anos, foi da Filamônica de Nova York, regida por Leonard Bernstein. “Lembro de vê-lo movendo os braços e as pernas de um lado para o outro. Parecia estar se divertindo muito com o que fazia. Decidi que faria o mesmo”, diz Alsop. Para realizar a sua decisão precoce, Alsop teve que enfrentar e vencer numa das únicas carreiras ainda dominadas por homens. Alsop estudou violino na Julliard School de NovaYork. Ao tentar ingressar no curso de regência, as portas se fecharam. “O maestro é um músico diferente dos outros. Seu instrumento é a orquestra. Não se aprende a reger sem uma orquestra.” Alsop largou a Juillard e montou uma orquestra de câmara, com a ajuda e a proteção de Bernstein, seu ídolo maior.

Em 1993, assumiu a Sinfônica do Colorado. Entre os músicos estava a sua companheira desde 1990, a trompista Kristin Jurkscheit, com quem cria um filho. Alsop operou uma transformação na pequena orquestra, mudando-a de patamar. Pelo trabalho, recebeu em 2005 o “prêmio dos gênios” da Fundação MacArthur. 

Em 2007, Alsop assumiu Baltimore em meio a um motim. Os músicos não aceitavam uma mulher na regência. Alsop tem o dom da fala. Bastaram 6 minutos de conversa para conquistá-los. “Ser diretor musical não é um concurso de popularidade. É ótimo que gostem de mim. Mas meu objetivo é fazer grande música”. Desde então, o som de Baltimore mudou, assim como o status da orquestra. 

Agora chegou a vez da Osesp. Alsop assume a direção musical em 2012, num contrato de cinco anos. Em 1997, Neschling encontrou a Osesp em estado deplorável. Ele refundou a orquestra. Contratou e substituiu músicos, aumentou salários e deu à cidade a Sala São Paulo, uma das melhores do mundo. Qual será o objetivo de Alsop? “Quero tornar a Osesp a melhor orquestra do mundo”. Só o tempo dirá se este objetivo ambiciosíssimo será alcançado. Potencial para tanto existe. A melhor orquestra da América do Sul estará nas mãos da melhor maestrina do mundo.

Comentários