Bin Laden está na Área 51

Os EUA dizem que Bin Laden virou comida de caranguejo. Pura lorota. Ele está na Área 51, a base secreta que esconde o ET de Roswell e a Arca Perdida


Peter Moon


A dissecação do ET no Museu de Roswell, Novo México


Fiz uma rápida enquete aqui na redação de Época e fiquei abismado ao descobrir que a maioria dos jornalistas jamais ouviu falar na famosíssima – e secretíssima – Área 51. Cheguei ao cúmulo de escutar o seguinte dos editores Luís Antônio Giron e Sérgio Lüdtke, ambos gaúchos: “Área 51 pra mim é o prefixo telefônico de Porto Alegre”. Bá.... O que acontece com este povo? Como podem desconhecer um dos ícones da Cultura Pop?!? Ora, todo o mundo que lê quadrinhos ou ficção-científica sabe que a Área 51 é uma base secreta da Força Aérea americana. Sabe que ela fica no deserto de Nevada. E sabe que sua existência vem sendo sistematicamente negada pelo Pentágono desde 1947, quando lá foram depositados o disco-voador e os restos mortais do ET que caiu em Roswell, Novo México. 


A existência da Área 51, do disco-voador e do ET foi comprovada no filme Independence Day (1996), quando ficamos sabendo que a base era mantida em segredo até mesmo do presidente americano. A Área 51 existe, sim, e esconde outros segredos. Em Os caçadores da arca perdida (1981), Steven Spielberg revelou que a Arca da Aliança lá está. É, isso mesmo. A arca com as Tábuas da Lei e seus Dez Mandamentos entregue a Moisés no monte Sinai. Segundo os agentes Mulder e Scully, da série Arquivo-X (1993-2002), a Área 51 seria o ponto de reunião dos membros de uma conspiração alienígena para dominar a Terra... Pois bem, sustento que a Área 51 esconde um novo segredo, Osama bin Laden, o líder da rede Al-Qaeda e responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. 


“Achar um país que aceitasse receber os restos do terrorista mais procurado do mundo teria sido difícil”, disse uma porta-voz do Pentágono. “Assim, os Estados Unidos decidiram enterrá-lo no mar”. Quem quiser pode acreditar na versão oficial do Pentágono, segundo a qual, após extrair amostras de sangue para atestar sua identidade, o corpo de Bin Laden foi jogado ao mar. Jogado aonde? Seria no oceano Índico, que banha o Paquistão onde Bin Laden foi localizado e morto por comandos americanos em 1º de maio de 2011? Ou será que foi no oceano Atlântico? Teria sido lá que os tripulantes do jato que transportava o corpo de Bin Laden desde o Oriente Médio se desfizeram do cadáver, seguindo as ordens presidenciais? 


Nada disso faz sentido. É tudo balela, pura lorota. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, quem realmente acredita que os serviços de inteligência e as forças especiais da maior potência da história gastaram 9 anos, 7 meses e 21 dias – ou 3.520 dias – caçando Bin Laden para depois simplesmente se desfazer do corpo, assim, sem mais nem menos? O Pentágono afirma que o DNA da amostra de sangue colhida de Bin Laden prova, com 99,9% de certeza, que o líder da Al-Qaeda morreu ao resistir ao ataque dos comandos americanos. E se tivesse sido capturado com vida? Teria sido levado a julgamento em território americano, como os israelenses fizeram em Jerusalém em 1961, com Adolf Eichmann, o arquiteto do Holocausto? 


Imagine como seria complicado manter Bin Laden preso à espera de julgamento? Pense nas imagens transmitidas pela CNN para todo o mundo daquele homem de quase dois metros de altura, com sua longa barba e turbante, postado no banco dos réus diante tribunal de Washington? Posso visualizar multidões no Oriente Médio se manifestando em apoio a Bin Laden. E se ele fosse, como com certeza o seria, sentenciado à pena de morte e executado? Viraria mártir. A hipótese é inadmissível.




Um passeio no deserto





Indiana Jones (Harrison Ford, à dir.) segurando a Arca da Aliança em Os caçadores da arca perdida (1981)



Afirmo que Bin Laden, mesmo que esteja vivo (o que não pode ser descartado, pois ninguém viu seu corpo), foi parar na Área 51. A conclusão é tão óbvia que bastou dar uma busca no Google nos termos “Bin Laden” e “Area 51” para ver que muita gente considera a mesma hipótese. 


Do Google pulei para o Google Earth e digitei “Area 51”. Imediatamente o globo terrestre começou a girar. A imagem na tela do meu computador se aproximando do sudoeste americano e baixando de altitude, até congelar sobre um ponto à beira de um lago seco perto da cidade de Alamo, em Nevada. 


Se existe um repositório universal de todas as informações da humanidade, ele é o Google. E, para o Google, a Área 51 existe. Ela fica na latitude 37° 14' 2,48" Norte e longitude 115° 50' 4,92" Oeste. Sobre a sua localização há um ícone que, quando clicado, abre uma nova janela com imagens telescópicas das instalações fotografadas à distância.. 


A Nevada 375, a rodovia extraterrestre


Navegando um pouco mais, encontrei um diário de viagem online com o itinerário para qualquer um que queira fazer uma tour até a guarita da base. Em primeiro lugar, voe até Las Vegas, alugue um carro e encha o tanque. Saindo da Las Vegas Strip, a rua principal dos cassinos, são duas horas e meia de carro até a Área 51. Leve dinheiro, cartão de crédito (terá que reabastecer na volta) e máquina fotográfica. Mas cuidado. Use-a com discrição. É proibido tirar fotos dos guardas no portão da base. Caso os seus rostos saiam publicados, eles serão presos. Logo, ao notar que estão sendo fotografados, os guardas podem tomar sua máquina fotográfica ou guinchar seu carro. Você não vai querer ficar a pé no meio do deserto de Nevada a dezenas de milhas da cidadezinha mais próxima, vai? 


Saia de Las Vegas pela rodovia interestadual I-15 no sentido norte. Siga umas 25 milhas até a saída 64, e vire à esquerda na US-93, a Great Basin highway, e continue deserto adentro. Após duas horas de viagem ou cerca de 90 milhas, fique atento a uma bifurcação à esquerda, de onde sai a rodovia estadual NV-375. Entre nela à esquerda. A Nevada 375 highway também é conhecida como a “Rodovia Extraterrestre”, com direito as placas de sinalização onde se lê “Extraterrestrial highway” ou também “Low flying aircraft” (aeronaves voando baixo). 


Agora, preste atenção. Entre as milhas 29 e 30 existe uma pequena caixa de correio à beira da estrada. Ao lado dela há uma estrada de terra sem placa nenhuma. Esta estrada dá no portão principal da base. Ou pelo menos é o que, seguindo-se por ela, a placa no portão indica. Mas não há guarita, só um portão com a cancela fechada. A porta da frente da base está lá para enganar os turistas. O portão dos fundos da base é muito mais interessante...




A porta dos fundos da Área 51


Em vez de virar na estrada de terra esburacada que segue para o “portão principal”, continue em frente na NV-375. Em pouco tempo se chega a Rachel, o povoado mais próximo da base, onde se pode fazer um lanche. Para localizar Rachel no Google Maps, digite “1 Old Mill Rd HC61 Box 45 Rachel, NV 89001” e dê uma busca. Se clicar com o botão direito do mouse três vezes, terá uma visão panorâmica de toda a região e irá perceber uma enorme área cinzenta à esquerda de Rachel. É a Área 51. 


Para chegar ao portão dos fundos, continue pela Extraterrestrial highway outras 20 milhas. A estrada ladeia o terreno da base, embora não haja cercas nem placas com o aviso de NO TRESPASSING. Entre as milhas 12 e 11, à esquerda, começa uma estradinha de terra onde há uma placa escrito PARE. Mas a gente não pára. A gente dobra à esquerda e segue em frente. 


As primeiras cinco milhas são de terra, seguidas por outras três asfaltadas. No final fica o portão dos fundos da base, com, direito a cancela impedindo o tráfego, uma enorme placa vermelha escrito PARE, uma guarita com guardas armados, e uma placa mandando manter uma distância mínima de 5 metros. 


Não saia do carro, não tire fotos (ou tenha o máximo de cuidado ao fazê-las de dentro do veículo) e não fale com os guardas. Lembre-se, você pode ser preso. Lembre-se também que aquele é o lugar mais próximo que qualquer pessoa não-autorizada pode chegar de um autêntico disco voador, de um alienígena de verdade, da Arca Perdida de Moisés e de Osama bin Laden, esteja ele vivo ou morto. 


Desfrute o momento. Observe o relevo das montanhas ao fundo. O centro da base fica além delas, à beira de um lago seco. Desfrute o momento, mas não exagere. Lembre-se: se ficar muito tempo parado naquele carro, os guardas virão fazer perguntas. Melhor é dar meia volta e ir tomar uma cerveja gelada no bar de Rachel. Aposto que o dono do bar e os bebedores de plantão têm muita história pra contar.


Originalmente publicado em Época Online, em 03/05/2011

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