Se as mulheres são tão inteligentes, por que de vez em quando parecem idiotas?
Peter Moon
Antes de mais nada, quero deixar uma coisa bem clara. O título da coluna de hoje não é uma provocação muito menos uma ofensa às mulheres. É uma dúvida genuína, fruto de observação, muita conversa e algumas constatações. Quem leu minha coluna Por que as mulheres são tão inteligentes?, sabe que posso ser acusado de muita coisa. Machista não é uma delas. E, justamente por admirar as mulheres, a cena que presenciei há alguns dias me impressionou tanto. Só de lembrar, volta aquela sensação de espanto, que me deixou tão intrigado. Veja você: estava eu sentado numa lanchonete na hora do almoço quando entra pela porta um garoto dos seus 30 anos. Tinha aquele tipo de beleza dos modelos dos anúncios de moda e perfumaria masculinos. Era uma beleza produzida, fashion. O sujeito usava um chapéu desses que estão na moda – apesar de vivermos num país tropical e o dia estar ensolarado. O cara era só fachada. Raspando o verniz, sobraria pouco.
Eu não teria perdido o meu tempo observando aquele cidadão e voltaria os olhos ao livro que estava lendo, não fosse pelo fato dele ter entrado na lanchonete seguido por uma linda mulher. Não, sejamos honestos, ela era impressionante. Eu a conhecia de vista e posso afirmar que, entre amigos e conhecidos, a moça é uma unanimidade. Alta, magra, bem cuidada e dona de longos cabelos castanhos, ela não chegava aos 30 anos. Usava um vestidinho chique, preto, desses bem curtos, para exibir pernas bem torneadas sustentadas por sandálias de salto alto. Aparentando esbanjar segurança, sempre que a vi ela parecia desfilar numa passarela. Fingia ignorar com um tédio dissimulado os olhares de desejo e inveja disparados por homens e mulheres. Era o tipo de mulher com a qual quase todos os homens sonham. Quase todos. Entre as exceções estava o sujeito que parecia ser o seu namorado - e eu.
Por que eu? Há vários anos namorei duas atrizes e uma bailarina. Todas eram lindas – mas viviam em palcos imaginários. Não interagiam. Interpretavam. Não conseguiam se libertar de seus personagens interiores. Não buscavam em mim um protagonista para a relação, mas um espectador. Esta era a mesma impressão que eu tinha da bela da lanchonete. Ela vivia numa passarela. O que me deixou tão impressionado naquele dia foi enxergá-la pela primeira vez despida da pele de modelo. A “femme fatale” havia dado lugar a um poodle na coleira.
À frente seguia o dono. Entrou na lanchonete sem olhar para trás nem se dar ao trabalho de esperá-la. Já ela havia deixado de lado qualquer vestígio da costumeira elegância costurada por gestos meticulosamente calculados. Meio esbaforida, se esforçava para acompanhar o passo daquele homem que agia como um estranho, jamais um companheiro. Logo que entrou, o sujeito seguiu direto até um sofá, onde se jogou. A moça, sem pronunciar palavra, seguiu para o balcão. Claramente, ela conhecia o seu papel, e o desempenhava como quem repetia de cor a mesma cena pela enésima vez.
Tão empenhada a moça estava em pedir a comida e servir ao seu homem, que não percebeu onde ele sentou. De modo que, ao pegar a bandeja, virou-se para o lado oposto e foi procurar o amado nas mesinhas que ficam ao ar livre, do lado de fora. O cara não se deu ao trabalho de abrir a boca para chamá-la. Não moveu um dedo. Pode ser que ele não tenha percebido a rota errada tomada pela moça. Meu palpite é que simplesmente não estava interessado. Mas eu e todas as mulheres do restaurante, que acompanhávamos desde o início o desenrolar daquele drama, estávamos. Alguns instantes se passaram até a moça, sempre sorridente, reaparecer na porta e vir trazer alimento ao seu amo e senhor.
Não foi a primeira vez que presenciei aquele tipo de cena. Nem a segunda. A mais marcante aconteceu nos anos 1990, numa praia do litoral norte paulista. Eu estava com dois amigos. Nós – bem como todo o público masculino da praia – não conseguíamos tirar os olhos daquela loira. Devia ter 25 anos. Palavras me faltam para defini-la. Qualquer adjetivo seria incompleto. Lá estava ela, sozinha, em pé na areia quente, imóvel sob o sol do meio-dia, sôfrega por um instante de atenção de um sujeito ridículo. Sim, ridículo, baixinho, flácido, meio careca, feio e 20 anos mais velho. Ele não usava óculos, mas ela deveria.
O cara conseguiu ignorá-la por mais de meia hora, dando-lhe as costas para falar com seus amigos. E ela lá, coitadinha, torrando de ansiedade. Quando finalmente o inominável lembrou da donzela, estendeu o braço para trás sem ao menos virar o rosto. Nem chamá-la pelo nome ele o fez.. Ainda assim ela sorriu, e se moveu. E a praia se moveu com ela. Na maior felicidade, ela deu três pulinhos rápidos para encurtar o espaço que a separava da mão estendida daquele sujeito.
São tantas emoções...
Se as mulheres são mais inteligentes que os homens - e disso não duvido - por que de vez em quando elas parecem agir como idiotas? Por que algumas se sujeitam a virar capacho de seres daquela laia? Mulheres sonham com romance e enaltecem o cavalheirismo. Como se explica então uma eventual entrega a relações que são a própria negação do amor?
Não sou doido para fazer tais indagações sem antes checar se minhas impressões tinham fundamento. Contei aquelas duas histórias separadamente a cinco conhecidos: duas mulheres e três homens (um é gay). Em seguida, perguntei: “Se as mulheres são tão inteligentes, por que de vez em quando parecem tão idiotas?” O resultado da minha pequena enquête foi unânime. Todos concordaram comigo. Perguntei se o termo “idiota” não seria muito forte, ofensivo até. “O termo é este mesmo,” disse uma amiga. “A gente vive dizendo: deixa de ser idiota, amiga!” A outra mulher foi mais incisiva. “Eu não chamo minhas amigas de ‘burras’ porque não tenho amigas burras, mas idiotas. O ditado que diz que o amor é cego é verdadeiro. A gente só começa a enxergar o outro como ele realmente é quando o relacionamento acaba. É aí que se percebe que o babaca que você amava não te tratava bem, não te amava de verdade, não te merecia, e por aí vai... Nessa hora a gente lembra dos amigos que diziam isto o tempo todo.”
Foi bom dividir minha dúvida com outras pessoas. Fiquei satisfeito em perceber que a dúvida era generalizada – pelo menos dentro do meu minúsculo universo de pesquisa. Mas aquela unanimidade não resolvia nada. A dúvida persistia
Um jogo de quadrilha
“João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.”
São os versos da Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade. Gostar de quem não gosta da gente e desdenhar os que nos querem são caprichos universais próprios da adolescência, mas que podem se transformar em armadilhas por toda a vida. Por isso, cara leitora, não me venha dizer que a morena da lanchonete ou a loura da praia não têm culpa da opção que fizeram, alegando que deste risco de sabotagem também padecem os homens. É verdade. A gente também cai na cilada de sonhar com mulher que nos ignora. Mas homens são básicos. Somos o objeto da oração que vocês constroem e pronunciam. Logo, seria de esperar que derrapássemos nesta curva (como de fato acontece), enredados na teia de sedução que as meninas aprendem a tecer desde cedo, para transitar no universo feminino onde a inveja e a intriga são duas constantes.
Mas quando se parte do princípio de que as mulheres são mais espertas, surpreende constatar como elas tropeçam com tamanha frequência na mesma cilada. Esta constatação vai contra as regras do jogo da sedução, um jogo que, diga-se de passagem, foram as mulheres que inventaram.
Se a cilada do “bem-me-quer, mal-me-quer” vale para ambos os sexos, cabe especular as razões que levam uma mulher a decidir se envolver numa relação furada, sem futuro e que a fará sofrer. Para mim, as respostas deste enigma devem ser buscadas em dois momentos distintos. Um deles é o período que antecede a conquista. O outro é aquele que se segue ao instante em que a mulher abandona suas dúvidas e decide investir numa relação.
Os homens-objeto
No período que antecede a conquista, quem menos conta é o conquistador. Tomemos o exemplo do garotão de chapéu. Por que a morena o escolheu? Uma possibilidade é ela ter cedido aos avanços corteses e insistentes do moço fashion. Mas não parece ter sido o caso. Ele parece incapaz de tais investidas. O Narciso só se enxerga no espelho. Seu reflexo é o de um conquistador irresistível. Ele não sabe o que é o romance. Seria o caso de informá-lo que a imagem de Don Juan que lhe serve de justificativa para tratar mal sua mulher, ou qualquer outra, é ilusória. Como reagiria se soubesse que não passa de um homem-objeto? E que os homens-objeto se sentem confortáveis neste papel porque nunca deixaram de ser meninos mimados e mal-criados, eternamente em busca do colinho confortável da mamãe.
Se nossa amiga não cedeu a uma saraivada de declarações apaixonadas do garoto fashion, pelo simples fato de que a saraivada jamais existiu, então o que teria visto nele? A atração pelo belo é universal. Mas para as mulheres ela não chega a ser fundamental como o é para nós homens. E beleza não é uma exclusividade daquele grosso. Dado que a bela esbaforida é uma unanimidade entre os homens que conheço, ela poderia muito bem escolher qualquer outro, tão ou mais belo, e com certeza mais gentil.
Meu palpite é outro. As mulheres se queixam da concorrência no mundo do trabalho, mas confortavelmente se esquecem de observar que, entre elas, são muito mais competitivas do que os homens. Eu aposto que havia muita mulher de olho naquele sujeito. Num dado momento, a inveja coletiva feminina culminou em uma guerra silenciosa. Na corrida para laçar o macho, derrotando todas as oponentes, a morena de vestidinho chique terminou na frente.
A grande ilusão
O instante em que a mulher abandona suas dúvidas é quando termina a conquista e inicia a relação. Mas a conquista do homem-objeto cobra um preço. Quanto mais errada tiver sido a escolha do parceiro, tanto maior será o preço a pagar. Seu nome é ilusão, a ilusão do amor romântico. Mulheres são brilhantes, porém muito bobas. A fantasia do príncipe encantado é uma armadilha da qual poucas mulheres conseguem se desvencilhar. Sabe-se lá sob qual ângulo nossa amiga enxergou um príncipe naquele sapo. Talvez tenha confundido o chapéu como uma coroa? Pode ser que tenha recorrido aos seus préstimos sexuais como forma de esquecer um pé-na-bunda?
Qualquer que tenha sido a razão para ela optar por uma relação com um homem que a maltrata da frente de todos, é a ilusão do amor romântico que a mantém aprisionada num mundo que ela própria construiu. A ilusão do amor romântico a impede de enxergar a realidade e aceitar o próprio erro. Qual é o futuro de uma relação assim? Não faço a menor ideia. Pode durar a vida toda. A resposta passa por sentimentos como insegurança, comodismo, medo da solidão, falta de amor próprio ou de vergonha na cara. Pelo bem da moça, eu torço para que tudo acabe logo – e com o mínimo de dor.
Peter Moon
Eu não teria perdido o meu tempo observando aquele cidadão e voltaria os olhos ao livro que estava lendo, não fosse pelo fato dele ter entrado na lanchonete seguido por uma linda mulher. Não, sejamos honestos, ela era impressionante. Eu a conhecia de vista e posso afirmar que, entre amigos e conhecidos, a moça é uma unanimidade. Alta, magra, bem cuidada e dona de longos cabelos castanhos, ela não chegava aos 30 anos. Usava um vestidinho chique, preto, desses bem curtos, para exibir pernas bem torneadas sustentadas por sandálias de salto alto. Aparentando esbanjar segurança, sempre que a vi ela parecia desfilar numa passarela. Fingia ignorar com um tédio dissimulado os olhares de desejo e inveja disparados por homens e mulheres. Era o tipo de mulher com a qual quase todos os homens sonham. Quase todos. Entre as exceções estava o sujeito que parecia ser o seu namorado - e eu.
Por que eu? Há vários anos namorei duas atrizes e uma bailarina. Todas eram lindas – mas viviam em palcos imaginários. Não interagiam. Interpretavam. Não conseguiam se libertar de seus personagens interiores. Não buscavam em mim um protagonista para a relação, mas um espectador. Esta era a mesma impressão que eu tinha da bela da lanchonete. Ela vivia numa passarela. O que me deixou tão impressionado naquele dia foi enxergá-la pela primeira vez despida da pele de modelo. A “femme fatale” havia dado lugar a um poodle na coleira.
À frente seguia o dono. Entrou na lanchonete sem olhar para trás nem se dar ao trabalho de esperá-la. Já ela havia deixado de lado qualquer vestígio da costumeira elegância costurada por gestos meticulosamente calculados. Meio esbaforida, se esforçava para acompanhar o passo daquele homem que agia como um estranho, jamais um companheiro. Logo que entrou, o sujeito seguiu direto até um sofá, onde se jogou. A moça, sem pronunciar palavra, seguiu para o balcão. Claramente, ela conhecia o seu papel, e o desempenhava como quem repetia de cor a mesma cena pela enésima vez.
Tão empenhada a moça estava em pedir a comida e servir ao seu homem, que não percebeu onde ele sentou. De modo que, ao pegar a bandeja, virou-se para o lado oposto e foi procurar o amado nas mesinhas que ficam ao ar livre, do lado de fora. O cara não se deu ao trabalho de abrir a boca para chamá-la. Não moveu um dedo. Pode ser que ele não tenha percebido a rota errada tomada pela moça. Meu palpite é que simplesmente não estava interessado. Mas eu e todas as mulheres do restaurante, que acompanhávamos desde o início o desenrolar daquele drama, estávamos. Alguns instantes se passaram até a moça, sempre sorridente, reaparecer na porta e vir trazer alimento ao seu amo e senhor.
Não foi a primeira vez que presenciei aquele tipo de cena. Nem a segunda. A mais marcante aconteceu nos anos 1990, numa praia do litoral norte paulista. Eu estava com dois amigos. Nós – bem como todo o público masculino da praia – não conseguíamos tirar os olhos daquela loira. Devia ter 25 anos. Palavras me faltam para defini-la. Qualquer adjetivo seria incompleto. Lá estava ela, sozinha, em pé na areia quente, imóvel sob o sol do meio-dia, sôfrega por um instante de atenção de um sujeito ridículo. Sim, ridículo, baixinho, flácido, meio careca, feio e 20 anos mais velho. Ele não usava óculos, mas ela deveria.
O cara conseguiu ignorá-la por mais de meia hora, dando-lhe as costas para falar com seus amigos. E ela lá, coitadinha, torrando de ansiedade. Quando finalmente o inominável lembrou da donzela, estendeu o braço para trás sem ao menos virar o rosto. Nem chamá-la pelo nome ele o fez.. Ainda assim ela sorriu, e se moveu. E a praia se moveu com ela. Na maior felicidade, ela deu três pulinhos rápidos para encurtar o espaço que a separava da mão estendida daquele sujeito.
São tantas emoções...
Se as mulheres são mais inteligentes que os homens - e disso não duvido - por que de vez em quando elas parecem agir como idiotas? Por que algumas se sujeitam a virar capacho de seres daquela laia? Mulheres sonham com romance e enaltecem o cavalheirismo. Como se explica então uma eventual entrega a relações que são a própria negação do amor?
Não sou doido para fazer tais indagações sem antes checar se minhas impressões tinham fundamento. Contei aquelas duas histórias separadamente a cinco conhecidos: duas mulheres e três homens (um é gay). Em seguida, perguntei: “Se as mulheres são tão inteligentes, por que de vez em quando parecem tão idiotas?” O resultado da minha pequena enquête foi unânime. Todos concordaram comigo. Perguntei se o termo “idiota” não seria muito forte, ofensivo até. “O termo é este mesmo,” disse uma amiga. “A gente vive dizendo: deixa de ser idiota, amiga!” A outra mulher foi mais incisiva. “Eu não chamo minhas amigas de ‘burras’ porque não tenho amigas burras, mas idiotas. O ditado que diz que o amor é cego é verdadeiro. A gente só começa a enxergar o outro como ele realmente é quando o relacionamento acaba. É aí que se percebe que o babaca que você amava não te tratava bem, não te amava de verdade, não te merecia, e por aí vai... Nessa hora a gente lembra dos amigos que diziam isto o tempo todo.”
Foi bom dividir minha dúvida com outras pessoas. Fiquei satisfeito em perceber que a dúvida era generalizada – pelo menos dentro do meu minúsculo universo de pesquisa. Mas aquela unanimidade não resolvia nada. A dúvida persistia
Um jogo de quadrilha
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.”
Mas quando se parte do princípio de que as mulheres são mais espertas, surpreende constatar como elas tropeçam com tamanha frequência na mesma cilada. Esta constatação vai contra as regras do jogo da sedução, um jogo que, diga-se de passagem, foram as mulheres que inventaram.
Se a cilada do “bem-me-quer, mal-me-quer” vale para ambos os sexos, cabe especular as razões que levam uma mulher a decidir se envolver numa relação furada, sem futuro e que a fará sofrer. Para mim, as respostas deste enigma devem ser buscadas em dois momentos distintos. Um deles é o período que antecede a conquista. O outro é aquele que se segue ao instante em que a mulher abandona suas dúvidas e decide investir numa relação.
Os homens-objeto
No período que antecede a conquista, quem menos conta é o conquistador. Tomemos o exemplo do garotão de chapéu. Por que a morena o escolheu? Uma possibilidade é ela ter cedido aos avanços corteses e insistentes do moço fashion. Mas não parece ter sido o caso. Ele parece incapaz de tais investidas. O Narciso só se enxerga no espelho. Seu reflexo é o de um conquistador irresistível. Ele não sabe o que é o romance. Seria o caso de informá-lo que a imagem de Don Juan que lhe serve de justificativa para tratar mal sua mulher, ou qualquer outra, é ilusória. Como reagiria se soubesse que não passa de um homem-objeto? E que os homens-objeto se sentem confortáveis neste papel porque nunca deixaram de ser meninos mimados e mal-criados, eternamente em busca do colinho confortável da mamãe.
Se nossa amiga não cedeu a uma saraivada de declarações apaixonadas do garoto fashion, pelo simples fato de que a saraivada jamais existiu, então o que teria visto nele? A atração pelo belo é universal. Mas para as mulheres ela não chega a ser fundamental como o é para nós homens. E beleza não é uma exclusividade daquele grosso. Dado que a bela esbaforida é uma unanimidade entre os homens que conheço, ela poderia muito bem escolher qualquer outro, tão ou mais belo, e com certeza mais gentil.
Meu palpite é outro. As mulheres se queixam da concorrência no mundo do trabalho, mas confortavelmente se esquecem de observar que, entre elas, são muito mais competitivas do que os homens. Eu aposto que havia muita mulher de olho naquele sujeito. Num dado momento, a inveja coletiva feminina culminou em uma guerra silenciosa. Na corrida para laçar o macho, derrotando todas as oponentes, a morena de vestidinho chique terminou na frente.
A grande ilusão
O instante em que a mulher abandona suas dúvidas é quando termina a conquista e inicia a relação. Mas a conquista do homem-objeto cobra um preço. Quanto mais errada tiver sido a escolha do parceiro, tanto maior será o preço a pagar. Seu nome é ilusão, a ilusão do amor romântico. Mulheres são brilhantes, porém muito bobas. A fantasia do príncipe encantado é uma armadilha da qual poucas mulheres conseguem se desvencilhar. Sabe-se lá sob qual ângulo nossa amiga enxergou um príncipe naquele sapo. Talvez tenha confundido o chapéu como uma coroa? Pode ser que tenha recorrido aos seus préstimos sexuais como forma de esquecer um pé-na-bunda?
Qualquer que tenha sido a razão para ela optar por uma relação com um homem que a maltrata da frente de todos, é a ilusão do amor romântico que a mantém aprisionada num mundo que ela própria construiu. A ilusão do amor romântico a impede de enxergar a realidade e aceitar o próprio erro. Qual é o futuro de uma relação assim? Não faço a menor ideia. Pode durar a vida toda. A resposta passa por sentimentos como insegurança, comodismo, medo da solidão, falta de amor próprio ou de vergonha na cara. Pelo bem da moça, eu torço para que tudo acabe logo – e com o mínimo de dor.
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