Como funciona o Universo estreia no Discovery Channel
Peter Moon
Em 1980, o astrônomo Carl Sagan (1934-1996) invadiu as TVs com Cosmos, a mais fantástica série sobre os segredos do Universo. Em 13 episódios, Sagan convidou o telespectador a explorar o Cosmo em uma nave com a forma de um dente-de-leão, a flor esférica que as crianças adoram soprar, espalhando sementes ao vento. Em 1980, a computação gráfica engatinhava. Sem contar com esse recurso, Sagan cativou o público com ideias então pouco conhecidas como o bigue-bangue e os buracos negros usando analogias brilhantes e um sorriso cativante.
Cosmos estabeleceu o padrão dos documentários de astronomia. Desde então, apesar do avanço da computação gráfica, nenhuma série rivalizou o encantamento proporcionado por Sagan em Cosmos. A série que chega mais perto é Como funciona o Universo, que estreia nesta sexta-feira, no Discovery Channel. “Em 1980, ninguém sabia a idade do Cosmo (13,7 bilhões de anos), não se conheciam planetas fora do Sistema Solar nem se imaginava que a expansão universal está acelerando”, diz o físico carioca Marcelo Gleiser, responsável pela dublagem na versão brasileira.
É irônico ouvir Gleiser narrar Como funciona o Universo. Em Criação imperfeita, seu último livro, ele afirma que a ciência jamais solucionará todos os mistérios. “Nunca descobriremos tudo. Mas sabemos muito e podemos saber mais. É disso que a série trata.”
A série é apresentada por dois grandes divulgadores da ciência, os físicos Lawrence Krauss, da Universidade Estadual do Arizona, e Michio Kaku, da Universidade de Nova York. Eles compartilham cada episódio e, às vezes, chamam convidados. Os conceitos são apresentados com uma combinação engenhosa entre vídeos da Nasa, imagens do telescópio espacial Hubble e computação gráfica. O resultado é deslumbrante. Tome o exemplo do episódio sobre as estrelas. É como se presenciássemos o nascimento, a evolução, o envelhecimento e a morte das estrelas. Elas podem definhar como inofensivas anãs brancas ou sucumbir em explosão cataclísmica, a supernova, gerando um buraco negro.
O episódio predileto de Gleiser é sobre luas. “Em 1980, ninguém dava muita bola para elas. Hoje, sabe-se que a Lua surgiu do choque de um planeta contra a Terra há 4,5 bilhões de anos. Sabe-se também que as luas Titã, de Saturno, e Europa, de Júpiter, são alvos da busca de vida.” Em 1980, Gleiser era calouro do curso de física e adorou Cosmos. Em 2010, espera cativar uma nova geração para o maior dos mistérios.
Originalmente publicado em ÉPOCA, em 10/09/2010.
Leia também: A ciência de pernas para o ar: minha resenha de Criação imperfeita, o último livro de Marcelo Gleiser.
Peter Moon
Em 1980, o astrônomo Carl Sagan (1934-1996) invadiu as TVs com Cosmos, a mais fantástica série sobre os segredos do Universo. Em 13 episódios, Sagan convidou o telespectador a explorar o Cosmo em uma nave com a forma de um dente-de-leão, a flor esférica que as crianças adoram soprar, espalhando sementes ao vento. Em 1980, a computação gráfica engatinhava. Sem contar com esse recurso, Sagan cativou o público com ideias então pouco conhecidas como o bigue-bangue e os buracos negros usando analogias brilhantes e um sorriso cativante.
Gleiser narra a versão brasileira da nova série, que traz simulações como o choque de um planeta contra a Terra, que criou a Lua (à direita) |
Cosmos estabeleceu o padrão dos documentários de astronomia. Desde então, apesar do avanço da computação gráfica, nenhuma série rivalizou o encantamento proporcionado por Sagan em Cosmos. A série que chega mais perto é Como funciona o Universo, que estreia nesta sexta-feira, no Discovery Channel. “Em 1980, ninguém sabia a idade do Cosmo (13,7 bilhões de anos), não se conheciam planetas fora do Sistema Solar nem se imaginava que a expansão universal está acelerando”, diz o físico carioca Marcelo Gleiser, responsável pela dublagem na versão brasileira.
É irônico ouvir Gleiser narrar Como funciona o Universo. Em Criação imperfeita, seu último livro, ele afirma que a ciência jamais solucionará todos os mistérios. “Nunca descobriremos tudo. Mas sabemos muito e podemos saber mais. É disso que a série trata.”
A série é apresentada por dois grandes divulgadores da ciência, os físicos Lawrence Krauss, da Universidade Estadual do Arizona, e Michio Kaku, da Universidade de Nova York. Eles compartilham cada episódio e, às vezes, chamam convidados. Os conceitos são apresentados com uma combinação engenhosa entre vídeos da Nasa, imagens do telescópio espacial Hubble e computação gráfica. O resultado é deslumbrante. Tome o exemplo do episódio sobre as estrelas. É como se presenciássemos o nascimento, a evolução, o envelhecimento e a morte das estrelas. Elas podem definhar como inofensivas anãs brancas ou sucumbir em explosão cataclísmica, a supernova, gerando um buraco negro.
O episódio predileto de Gleiser é sobre luas. “Em 1980, ninguém dava muita bola para elas. Hoje, sabe-se que a Lua surgiu do choque de um planeta contra a Terra há 4,5 bilhões de anos. Sabe-se também que as luas Titã, de Saturno, e Europa, de Júpiter, são alvos da busca de vida.” Em 1980, Gleiser era calouro do curso de física e adorou Cosmos. Em 2010, espera cativar uma nova geração para o maior dos mistérios.
Originalmente publicado em ÉPOCA, em 10/09/2010.
Leia também: A ciência de pernas para o ar: minha resenha de Criação imperfeita, o último livro de Marcelo Gleiser.
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